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A questão da mulher: Linha de fundo: NPR

Jun 08, 2024Jun 08, 2024

(SOM DE PROTESTO)

Manifestantes não identificados (protestantes): (cantando em farsi).

(SOUNDBITE DO PROGRAMA DE TV, "GMA3: O QUE VOCÊ PRECISA SABER")

MASIH ALINEJAD (JORNALISTA/ATIVISTA): Mahsa foi morta por causa de um pouco de cabelo - porque um pouco de cabelo estava aparecendo.

(SOM DE PROTESTO)

Manifestantes não identificados: (cantando em farsi).

(SOUNDBITE DO PROGRAMA DE TV, "GMA3: O QUE VOCÊ PRECISA SABER")

ALINEJAD: Agora, as mulheres iranianas estão zangadas e dizem ao resto do mundo que nem sequer estamos a lutar contra o hijab obrigatório – queremos o fim do regime de apartheid de género.

(SOM DA MONTAGEM)

Manifestantes não identificados: (cantando em farsi).

(Cantando em farsi).

(SOUNDBITE DO FILME, "A CASA É NEGRA")

FOROUGH FAROOKZHAD (POETA): (Através do intérprete, lendo) Infelizmente, o dia está acabando. As sombras da noite estão se esticando. Nosso ser, como uma gaiola cheia de pássaros, está repleto dos gemidos do cativeiro.

RAMTIN ARABLOUEI (Apresentador): Este é um poema do poeta iraniano Forough Farookzhad, recitado em seu filme de 1963, “The House Is Black” ou “Khaneh Siah Ast”.

(SOUNDBITE DO FILME, "A CASA É NEGRA")

FAROOKZHAD: (Através de intérprete, leitura) E nenhum de nós sabe quanto tempo isso vai durar. A época da colheita passou. A temporada de verão chegou ao fim e não encontramos libertação.

ARABLOUEI: Farookzhad foi uma artista à frente de seu tempo. Ela escreveu poemas modernos e subversivos que exploraram temas como sexo, depressão e libertação das mulheres. Apesar das críticas dos conservadores da sociedade, ela ainda publicou o seu trabalho - trabalho que continua tão relevante que a República Islâmica primeiro o proibiu e depois o censurou fortemente após a revolução.

(SOUNDBITE DO FILME, "A CASA É NEGRA")

FAROOKZHAD: (Leitura em idioma diferente do inglês).

ARABLOUEI: Ela morreu em 1967, aos 32 anos, mas continua a ser uma figura simbólica e profética cujo trabalho é indicativo da longa história do movimento de libertação das mulheres no Irão.

(SOUNDBITE DO FILME, "A CASA É NEGRA")

FAROOKZHAD: (Através de intérprete, leitura) Como pombas, clamamos por justiça, e não há nenhuma. Esperamos pela luz e a escuridão reina.

(SOUNDBITE DA GRAVAÇÃO ARQUIVADA)

MARTHA RADDATZ (CORESPONDENTE CHEFE DE ASSUNTOS GLOBAIS, ABC NEWS): Manifestações estourando agora em todo o mundo...

(SOUNDBITE DA GRAVAÇÃO ARQUIVADA)

GIO BENITEZ (CORRESPONDENTE, ABC NEWS): Após a morte de Mahsa Amini, de 22 anos.

RUND ABDELFATAH (Apresentador): Já se passaram semanas desde que Mahsa Amini, também conhecida por seu nome curdo, Jina Amini, morreu sob custódia da polícia moral do Irã. Ela era membro da minoria curda do Irão, um grupo que historicamente enfrentou a repressão estatal. Você ouvirá os dois nomes dela neste episódio.

(SOUNDBITE DA GRAVAÇÃO ARQUIVADA)

REPÓRTER NÃO IDENTIFICADO Nº 1 (REPÓRTER): Amini foi presa pela polícia moral do Irã por não usar seu hijab corretamente. Os manifestantes acusaram ela de ter sido espancada até a morte.

ABDELFATAH: Semanas desde que o povo iraniano saiu às ruas.

(SOUNDBITE DA GRAVAÇÃO ARQUIVADA)

PESSOA NÃO IDENTIFICADA #1 (PÚBLICO GERAL): As pessoas estão furiosas.

(SOUNDBITE DA GRAVAÇÃO ARQUIVADA)

REPÓRTER NÃO IDENTIFICADO #2 (REPÓRTER): Vídeos postados no Twitter mostram manifestantes pedindo a queda do establishment clerical em Teerã, Qom e outras grandes cidades iranianas.

ABDELFATAH: Pode ser difícil analisar de onde vieram exactamente estes protestos e como diferem dos que aconteceram em 2019 ou 2009, mas muitos analistas e iranianos dizem que desta vez parece diferente.

(SOUNDBITE DA GRAVAÇÃO ARQUIVADA)

REPÓRTER NÃO IDENTIFICADO #3 (REPÓRTER): O que está acontecendo agora no Irã?

PESSOA NÃO IDENTIFICADA #2: Uma revolução está acontecendo.

(SOM DE PROTESTO)

Manifestantes não identificados: (cantando em língua não inglesa).

ARABLOUEI: Nasci no Irã e ainda tenho muitas conexões lá. Nas últimas semanas, estive em contacto com iranianos que vivem no Irão e nos EUA. Todos com quem falei têm partilhado o mesmo sentimento. Eles apontam para o facto de que estes são protestos mais violentos e mais difundidos do que qualquer coisa que tenha acontecido antes. Não existem apenas apelos à reforma. As pessoas questionam abertamente a própria legitimidade do poder dos clérigos do Irão. Os manifestantes estão queimando a cobertura obrigatória da cabeça, o hijab. Eles estão amaldiçoando o nome do líder supremo do país – até mesmo destruindo suas fotos nas ruas.